segunda-feira, 2 de novembro de 2009

São Franciso de Assis e a Lenda de Gúbio

É no dia 4 de Outubro que nós Lobitos celebramos um dia muito especial, pois esse dia é dedicado a São Francisco de Assis, o nosso Patrono!

Assim e como não poderíamos deixar passar em branco esta data tão importante, também nós celebrámos no passado mês este acontecimento!

Para quem esteve e não esteve presente nesse dia, fica aqui uma parte da nossa reunião, a história de São Francisco de Assis, como também, a lenda do lobo de Gúbio que foi muito bem representada por um teatro com fantoches de papel, mas contadas numa outra versão!

Ora vejam só o quão bonitas são estas duas histórias:

"Nascido em 1182, filho de um comerciante de Assis, cidade empoleirada nas encostas dos Apeninos Centrais (na Itália de hoje), aconteceu a Francisco coisa que não é rara: tendo pais abastados cedo se habitou a uma vida fácil e cómoda, apesar dos esforços do pai em fazer dele um continuador dos seus negócios.

Com o crescimento, e porque era alegre e bondoso, foi-se vendo rodeado de outros jovens sempre dispostos a convidá-lo para distracções e paródias tornando-se um verdadeiro folião, amigo de serenatas e noitadas. Até que um dia... adoeceu.

Foi então que começou a pensar na vida que levava e que o fez sentir-se vazio. Sentiu-se tocado pela palavra de Jesus ao jovem rico: "Se queres ser perfeito vende o que tens e dá-o aos pobres; depois vem e segue-me. Serás feliz".

Felicidade é que ele não sentia. O dinheiro, dado o uso que dele fazia, não lhe tinha trazido felicidade.

Quando melhorou e voltou a sair de casa, vinha transformado pela palavra de Cristo a que dera acolhimento. O mundo era diferente: Ouvidos fechados aos convites renovados dos antigos companheiros e olhos abertos a toda a sociedade que o rodeava, e nesta, em particular aos pobres.

À luz do evangelho tudo para ele começou a ter valor diferente. Os pobres não lhe saiam do pensamento e com eles começou a preocupa-se, visitando-os e levando-lhes alguma coisa de que ia dispondo, além de um gesto de irmão. Com um mendigo troca um dia a sua roupa, fazendo-se um deles.

Entre os pobres, eram mais pobres ainda porque rejeitados por todos, os leprosos. Destes também, começa Francisco a ocupar-se, contra o que fazia toda a gente: até um guizo punham aos leprosos para que não pudessem aproximar-se sem serem notados.

Nas suas andanças, entrou um dia numa igreja dos arredores de Assis que se encontrava em muito mau estado de conservação. No seu pensamento foi como se ouvisse uma voz: "Francisco reconstroi a minha igreja". E ele assim fez; tudo o que tinha, porque o pai lhe havia dado, foi entregá-lo para a reconstrução daquela igreja.

Quando disto soube, o pai disse zangado: "- De mim nunca mais receberás um centavo".

Francisco sente-se agora mais irmão dos pobres, pois passa também ele a depender de esmolas. Em pouco tempo já é conhecido em muitas terras por "O Pobrezinho de Assis". Como ele dizia "desposara Dona pobreza".
Nas suas viagenspara pedir esmolas - que depois reparte com os pobres - é muitas vezes maltratado e injuriado.

Mas dentro em pouco, outros jovens se sentem atraídos pelo seu exemplo e decidem juntar-se a ele. O primeiro foi o seu amigo de infância Bernardone Quintanel. Passam a vida em grupo e a dividir tudo em comum.

Francisco retirava-se muitas vezes para os montes e bosques para pensar em Deus.

Era ali que melhor se sentia a rezar, no ambiente puro e calmo da natureza. Em tudo via a presença de Deus que tudo criara. A sua humildade levou-o a colocar-se como criatura em Deus e por isso tudo a todos considerava irmãos: "o irmão sol, a irmã água, as irmãs aves"...

Quando mais pensava em Deus mais forte continuava como que a ouvir aquela voz dentro de si: "Francisco, reconstroi a minha igreja".

Reconstruiu mais igrejas com a ajuda dos outros que com ele viviam, mas aquela voz não se calava.

Foi então a Roma para falar com o Papa e contou-lhe como vivia e o que fazia. O Papa foi de opinião que era uma vida dura de mais e aconselhou-lhe prudência.

Mas a voz continuava e decidiu começar a escrever uma regra, como S. Bento fizera para os Beneditinos, para aqueles que viriam a chamar-se Franciscanos, quando acabou de a escrever voltou a Roma para falar com o Papa, que já era outro, com o nome de Inocência III.

Perante a surpresa de Francisco o Papa imediatamente aprovou a nova ordem. Nem outra coisa era de esperar pois o Papa reconheceu em Francisco o fradinho que segurava uma igreja que caia, numa visão que tivera.

- Esta Ordem é do agrado de Deus. Ide em se nome e pregai a conversão para que os Homens Com renovado entusiasmo por ter recebido aprovação, voltou para junto dos agora "Irmãos menores" como ele, por humildade, quis que se chamassem aqueles que conhecemos por Franciscanos.

E continou aquela vida de dedicação aos pobres, anunciando a toda a gente o reino de Deus, quer pela palavra quer pela pregação viva que é o exemplo, sempre na maior alegria.

Alguns anos passados na véspera de Natal o irmão Francisco chamou um amigo, e com grande surpresa dele, fez-lhe um pedido:
- És capaz de me arranjar emprestado um burro e um boi?
- Sou sim senhor, e mansos que aqueles são.

Se bem o disse, melhor o fez, sem sequer perguntar para que os queria ele, tal a confiança que nele tinha.Volta o bom homem com os animais e encontra os frades reunidos na celebração do Natal.

Faz-se uma procissão que se dirige para o bosque vizinho, onde o Francisco já prepara o resto. Com os dois animais fica o presépio pronto - presépio vivo representando as páginas do evangelho que ele próprio lê. Começava aqui a tradição cristã de montar os presépios como sinal de celebração do Natal.

Entregue ao serviço dos irmãos e à alegria de ser Filho de Deus - Certezas da fé que viveu intensamente - Francisco ia crescendo no desejo de mais se unir ao pai que está nos céus.

Viu o seu desejo satisfeito por Deus que assim o chamou na idade de 44 anos libertando-o das preocupações desta vida para lhe conceder a infinita liberdade dos Filhos de Deus. Era o ano de 1226."

*

"Certo dia, Francisco chegou à cidade de Gúbio. Com grande pesar percebeu que a população vivia apavorada por causa de um lobo grande feroz que andava rondando por lá, causando grandes estragos entre os animais e nem mesmo poupava os homens.

Teve compaixão daquela gente, e, inspirado pelo Senhor, foi, sozinho enfrentá-lo.

Quando a fera sorriu, ele parou, e estendendo-lhe os braços disse: "Irmão lobo, vem junto a mim; eu te ordeno da parte de Cristo, que tu não faças mal nem a mim, nem a ninguém". Imediatamente o lobo aproximou-se dele.

A multidão, espiando de longe pelo arvoredo, suspendia a respiração, enquanto Francisco, inclinado sobre o lobo, dizia: "Irmão lobo, tens feito muito estrago por aqui, assaltando as criaturas do Senhor e até os Homens feitos à imagem de Deus. Por isto mereces a forca, como ladrão e assassino. O povo brada contra ti e te é hostil. Mas eu quero, irmão lobo, que haja paz entre ti e eles".

O lobo, como se compreendesse aquelas palavras, mostrou, pela inclinação da cabeça e abanando vivamente a cauda, que aceitava a proposta.

Então Francisco quis precisar bem o acordo e acrescentou: "Irmão Lobo, já que te apraz fazer e manter esta paz, eu te prometo de cuidar para que, enquanto viveres, te seja dado alimento todos os dias pelos homens desta terra, de modo que já não sofrerás fomes."

O Lobo, pondo-se de pé, levantou a pata anterior e, em sinal de fé a pôs na mão do santo, que apertou feliz e sorridente, entre o alvoroço e as lágrimas dos presentes.

Daquele dia em diante, a fera amansada entreva nas casas e recebia comida em abundância."

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